Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Penido Burnier mostrou que em 2022 o diagnóstico de catarata foi 18% maior entre mulheres do que entre homens com mais de 50 anos. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a doença responde por 49% da cegueira no país.
O oftalmologista e presidente do instituto, Leôncio Queiroz Neto, explica que a catarata é uma condição caracterizada pelo turvamento do cristalino, lente interna do olho que direciona luz à retina. “A principal causa da doença é o processo natural de envelhecimento que aglomera as proteínas do cristalino e progressivamente impede a passagem da luz”, pontua.
No caso das mulheres, a oscilação e queda de estrogênio na menopausa aumenta as chances de desenvolvimento da doença. De acordo com o especialista este processo tem como sintomas:
- Diminuição da visão de contraste;
- Dificuldade de adaptação de um ambiente claro para outro escuro;
- Visão dupla;
- Redução da visão noturna;
- Cegueira momentânea ao conduzir um veículo com faróis contra,
- Troca frequente dos óculos de grau.
Por se desenvolver de maneira silenciosa, muitos pacientes buscam ajuda tardiamente. Entre 2012 e 2022 houve aumento de 50,3% no número de internações por catarata. Passou de 40,6 mil para 61 mil, conforme o banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS).
Como prevenir
A prevenção da catarata inclui a adoção de bons hábitos e o controle de doenças que são fatores de risco para a condição, como a diabetes. As principais medidas preventivas são:
Atentar-se ao nível de glicemia
O desenvolvimento dessa condição ocorre devido aos depósitos excessivos de açúcar (glicose) nas paredes do cristalino do olho. Assim, as oscilações da glicemia elevam a formação de radicais livres, que causam o envelhecimento da lente ocular.
Evite fumar e/ou consumir bebidas alcoólicas
De acordo com o médico, “são hábitos que aumentam a produção dos radicais livres e provocam stress nas células do cristalino, antecipando a formação da catarata.”
Proteja seus olhos durante a prática de esportes
Queiroz afirma que os ferimentos oculares podem causar catarata independente da idade do esportista. É a catarata traumática que tem os mesmos sintomas da cortical, tipo mais frequente, que insidiosa e lentamente rouba a visão nítida sem que você perceba.
Pratique atividades físicas
O especialista ressalta que quanto mais intensa é a atividade, melhor o efeito na saúde ocular de acordo com diversos estudos.
Proteja seus olhos do sol
O ideal é utilizar óculos de sol com lentes que filtram 100% da radiação ultravioleta (UV). “O efeito cumulativo da radiação UV aumenta em 60% o risco de desenvolver catarata, além de predispor à degeneração macular”, alerta o médico.
Cirurgia é segura e eficaz
A única forma de curar a catarata é através da cirurgia. Segundo Queiroz, a demora na realização dela pode colocar a visão em risco. Ele conta que o procedimento é rápido, seguro e bastante eficaz.
Depois de aplicar anestesia local, o cirurgião faz uma pequena incisão de 2 mm na borda da íris, por onde o cristalino é aspirado e fragmentado, para posteriormente ser inserida a lente intraocular que fica definitivamente implantada no olho.
Apesar de ser uma cirurgia delicada, a recuperação pós-operatória é rápida. Além disso, as lentes intraoculares estão cada vez mais modernas, podendo, em alguns casos, eliminar a necessidade do uso de óculos.
“Meus pacientes recebem após a cirurgia um kit de colírios para evitar infecção e desconforto nos olhos, um par de óculos com lentes que filtram, inclusive nas laterais, 100% da radiação ultravioleta, recomendações impressas sobre os cuidados que garantem a boa recuperação e orientação para entrar em contato imediatamente caso sintam algum desconforto nos olhos”, finaliza.