Deixar de cumprir uma tarefa ou atividade por conta das dores menstruais está longe de ser frescura ou exagero, viu? Para muitas mulheres, as cólicas e outros sintomas da menstruação são sim motivo de perda da produtividade.
Segundo um estudo publicado na revista médica BMJ Journals em 2019, apenas 14% haviam se ausentado de seus compromissos no período menstrual. No entanto, 81% afirmaram ser menos produtivas em decorrência dos sintomas. A pesquisa também apontou que, anualmente, as mulheres perdem quase nove dias de produtividade ao ano por causa das consequências da menstruação.
Para o ginecologista Patrick Bellelis, as dores menstruais ainda são um tabu para as mulheres. Isso porque muitas delas ainda se sentem constrangidas de contar aos seus superiores sobre o desconforto. Assim, acabam trabalhando e frequentando aulas com dores ou, quando se ausentam, muitas vezes não expõem o real motivo.
“É necessário aumentar a discussão e a conscientização sobre o impacto dos sintomas menstruais no trabalho e as organizações devem estar abertas a isso. Para as mulheres, ainda é desconfortável falar sobre o tema. Trata-se de saúde e precisamos tornar essa discussão mais humanizada”.
Busca por tratamento para as dores menstruais
O fato de as mulheres se sentirem obrigadas a estarem presentes, mesmo sofrendo com as dores, ao contrário do que possa parecer, contribui ainda mais com a falta de produtividade do que a ausência delas ao trabalho poderia ocasionar.
“Ter que estar presente e não abordar seus desconfortos no trabalho, escola ou universidade, também desencoraja a busca por ajuda na investigação destas dores, que podem ser consequência de problemas mais complexos, como a endometriose, por exemplo. O acompanhamento médico é fundamental para que a mulher tenha acesso ao tratamento necessário, o que pode devolver sua qualidade de vida”, acrescenta o médico.
Embora dor ou desconforto leves possam ser encarados como parte de um ciclo menstrual normal, se ocorrerem de forma mais aguda, afetando atividades cotidianas, é importante buscar ajuda médica.
“Quanto antes a mulher, em idade adulta ou adolescente, procurar um diagnóstico, mais rápido poderá ter uma rotina mais confortável. A dor moderada à grave, por si só, não significa necessariamente que ela tenha endometriose, mas é provável que algo possa ser feito para reduzir o impacto dessas dores sobre a sua rotina”, alerta Bellelis.
Fonte: Patrick Bellelis, médico ginecologista especialista em endometriose. Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC e doutorado em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo.