Uma perda gestacional é um momento muito delicado na vida de qualquer mulher que quer ser mãe e tem esse sonho interrompido. Entretanto, é preciso falar sobre esse assunto, já que os abortos espontâneos são mais comuns do que se pensa — aproximadamente 23 milhões por ano no mundo todo.
Segundo o ginecologista e obstetra Luiz Fernando Pina, o aborto espontâneo mais frequente na população acontece até as 12 semanas de gestação e existem algumas condições que favorecem a interrupção da gestação. “Trombofilias, cromossomos alterados e doenças genéticas são apontadas como possíveis fatores de perdas gestacionais”, explica.
E, como muitas mulheres continuam querendo tentar ter um filho após a perda gestacional (esses nenéns são, inclusive, chamados de “bebês arco-íris”), esse é um dos tópicos que precisam de muito esclarecimento. É preciso esperar um certo tempo antes de tentar engravidar novamente, tanto para a saúde física quanto para a mental da mulher. Mas quanto?
De acordo com Pina, que é especialista em reprodução humana e endometriose, o período seguro a se esperar é de no mínimo seis meses. Isso se a mulher estiver recuperada fisicamente e psicologicamente, podendo ser preciso aguardar mais tempo se não for o caso.
Recuperação e prevenção
Teoricamente, cerca de quinze dias após o aborto espontâneo, já é possível engravidar. Contudo, isso não é recomendado justamente porque a mulher precisa passar por um processo de recuperação. “É necessário o tempo de recuperar ferro e vitaminas essenciais para que o organismo esteja preparado para gerar. Afinal, corpos saudáveis contribuem para gestações saudáveis”, conclui.
Pina, que também é o fundador da clínica Baby Center Medicina Reprodutiva, enfatiza ainda que a espera é essencial para a mulher perceber se pode estar enfrentando uma depressão pós-perda, por exemplo. Por todas essas questões, a prevenção e o uso de métodos contraceptivos nesses primeiros meses após a perda gestacional são essenciais.
Por fim, em caso de abortos espontâneos repetidos é imprescindível buscar ajuda de especialista em reprodução humana. “Uma perda gestacional pode ser normal. Mais que uma já é passível de uma investigação mais profunda, não só na paciente, como no casal”, finaliza Dr. Luiz.